No século XVI, quando o Novo Mundo se anunciava, mas poucos de fato podiam conhecê-lo, fazia sucesso na Europa os relatos de navegações e viagens. Por motivos muito diferentes, em 2021, o livro do norueguês Bjørn Berge chega como uma lufada de vento em tempos de restrições e isolamentos. Há três décadas, o autor se dispôs a conhecer absolutamente todos os cantos do mundo. Como nem sempre a vontade e as possibilidades andam juntos, Bjørn Berge se pôs a viajar coletando selos, descobrindo suas histórias, analisando desde a origem da cola e tintas que o compuseram até os motivos da escolha das imagens. Com um detalhe: o autor só coleciona selos de países que deixaram de existir. A proposta ortodoxa trouxe um livro delicioso, uma verdadeira jóia. Lugar Nenhum — Um atlas de países que deixaram de existir, da editora Rua do Sabão, ora surge com curiosidades sobre o cientista prêmio Nobel Richard Feynman, obcecado por conhecer Tannu Tuva (para onde suas cinzas foram levadas por sua filha), ora com histórias de T. E. Lawrence (sim, o da Arábia) selecionando os símbolos árabes que iriam compor o país recém-independente. O livro traz as histórias de cinquenta países que existiram, mas foram apagados do mapa. Variando muito em tamanho e forma, localização e longevidade, estão unidos por um fato: todos eles resistiram tempo suficiente para emitir seus próprios selos.