Na era da dispersividade e do descompromisso, os ensaios de Alex Castro investigam as diferentes maneiras de desenvolver nossa atenção e transformá-la em um instrumento de ação política.
Um livro para quem sabe que se tornar uma pessoa melhor para as outras pessoas é bem mais importante do que se tornar uma pessoa melhor apenas para si mesma.
Vivemos na era da desatenção, sempre fazendo tudo de maneira superficial e descompromissada. Desatenção não significa apenas falta de atenção ou de concentração, mas sobretudo falta de cuidado, de zelo, de carinho. É estar no mundo e não cuidar dele. É conviver com as pessoas sem verdadeiramente interagir. É passar pela vida como quem observa da janela de um trem, descortinando fugazmente ações das quais não tomará parte e paisagens que não conhecerá. É passar pela existência como um fruto que não é colhido e apodrece ao sol sem beneficiar a ninguém.
Nos ensaios de Atenção., inspirados tanto pelo pensamento da escritora e filósofa Simone Weil quanto nos ensinamentos do budismo engajado, Alex Castro analisa as diferentes maneiras pelas quais podemos exercitar nossa atenção para convertê-la em um instrumento de ação política. Praticar atenção não é um simples esforço de autoconhecimento ou desenvolvimento pessoal, e sim um ato político para o benefício alheio. O propósito de Atenção. não é nos transformar em pessoas melhores, e sim em pessoas melhores para as outras pessoas, para que aquelas com as quais convivemos não tenham que lidar com nosso Eu mesquinho e intolerante, egocêntrico e defensivo.
Amar é reconhecer plenamente a existência de outra pessoa, pois só amamos aquilo que conhecemos. Assim, nenhum ato político é mais transformador do que enxergarmos e aceitarmos, acolhermos e cuidarmos uma das outras.