Intrigante, comovente, revelador.
Esses são alguns dos adjetivos que podem descrever Até que tenhamos rostos, livro no qual C. S. Lewis, com seu brilhantismo característico, realiza uma releitura do famoso mito de Cupido – deus imortal – e Psique – humana que, de tão bela, atrai o desejo e a inveja dos deuses. O autor localiza sua narrativa no reino fictício de Glome e subverte a perspectiva tradicional ao relatar a história a partir do ponto de vista de Orual, a rejeitada irmã de Psique.
Escrito perto do fim de sua carreira literária, o livro é a demonstração da maestria de Lewis na arte da composição, contendo uma intrincada narrativa que versa sobre a inveja, a culpa e o luto. Traço comum em suas obras, o autor não se restringe a utilizar as palavras como espelho, em que o leitor reconhece a natureza humana e sua falibilidade, mas, trans-cendendo, aponta para algo além de nós mesmos, através de profundas reflexões acerca do papel que o divino exerce em nossas vidas. Esta é, para muitos, a melhor e mais madura obra de um dos gênios da literatura.