Sofia, ou bisnaguinha, a menina que "passa os dias conversando com as próprias ideias", tinha um único desejo: tornar-se invisível. Após fazer esse pedido em seu aniversário de sete anos e tê-lo realizado, a pequena se vê livre para andar pelos lugares mais mágicos do mundo, numa aventura que todos nós gostaríamos de ter a oportunidade de vivenciar.
Com uma escrita experimental, lúdica e permeada pela magia, A história invisível, é a estreia de Sofia Nestrovski na ficção. Neste livro, somos levados pelos caminhos do universo infantil através do olhar dessa personagem que só queria escapar do tédio, mas acabou se lançando em um mundo fabular repleto de conversas com sapos e peixes e dos lugares mais recônditos, como o tronco de uma árvore.
Com ilustrações inéditas de Danilo Zamboni, essa versão século 21 de Alice no País das Maravilhas nos convoca a fugir, a deixar para trás a rotina e a mesmice, e a reencontrar os pensamentos da infância que abandonamos ao longo dos anos. Ao se aventurar sem a supervisão de adultos, Sofia nos faz pensar sobre questões que não costumamos associar às crianças, como solidão, sofrimento e na escola como um espaço hostil: "Forçada todos os dias a ir à escola, horrorosa escola, pintada com cor de sorvete. Borboletas de manteiga voando do lado de fora da janela, e ela ainda ali. Tédio sobre tédio sobre tédio". E, não seria a escola de Sofia uma alusão aos afazeres diários da vida adulta?
A história invisível nos leva por caminhos poéticos e cheios de imagens que trazem alento para a rotina, ao mesmo tempo que nos lembra de como a infância também pode ser dolorosa. Ao acessar essa via dupla de sensações íntimas vislumbramos que criar uma realidade na qual haja espaço para fantasia nos apresenta outras formas de estar no mundo. Imaginar um mundo repleto de novidades pode se converter em um recurso para devolver o espanto e o deslumbramento ao nosso cotidiano e talvez seja a nossa única esperança para dias tão difíceis.