Aos oito anos, Barbara Newhall Follett decidiu escrever um romance. Não foi fácil, nem sem sobressalto: no mesmo ano um incêndio atingiu a casa dos Follett, e o manuscrito foi devorado pelas chamas. Mas a persistência da jovem foi maior. Ela retomou o livro do zero e, em 1927, ela enfim publicou A Casa Sem Janelas, recebendo quase unânimes elogios em jornais e revistas como o New York Times e o Saturday Review of Books. Barbara tinha apenas 12 anos. Barbara ainda escreveu outros romances e diários de viagem. Mas o sucesso de A Casa Sem Janelas nunca se repetiu. Com o divórcio de seus pais e a Grande Depressão, a jovem escritora encontrou cada vez mais dificuldades para escrever e se sustentar. Ainda assim, ela nunca deixou de trabalhar em seus manuscritos, nas poucas horas que sobravam no dia após uma jornada de trabalho como secretária em Nova Iorque, onde morava com o marido, Nickerson Rogers. Então, em 1939, Barbara Newhall Follett desapareceu. As circunstâncias deste fato nunca ficaram claras, ou foram satisfatoriamente explicadas. Seu desaparecimento passou desapercebido por décadas, até que um estudo sobre sua obra, feito em 1966, tornou pública a informação que ela aparentemente tinha saído de casa uma noite, para nunca mais voltar.
Esta primeira edição brasileira de A Casa Sem Janelas, traduzida por Lígia Garzaro e com ilustrações de Renata Volcov, tem como objetivo principal levar os leitores de todas as idades para conhecerem o mundo de Eepersip, uma terra sem feiura e cinismo, que o crítico e dramaturgo Lee Wilson Dodd chamou de “quase insuportavelmente bela”. Mas é também uma tentativa de reparação, de buscar dar à Barbara um pouco do lugarzinho que lhe seria devido entre os grandes autores de fantasia, tivessem as coisas corrido de forma um tanto diferente.