Nos primeiros versos de A Água Volta Como Memória, Silvino Ferreira Jr convida o leitor a acompanhá-lo em uma viagem através da memória auditiva de uma água. Água cristalina, água da nascente. De volta à foz de um rio, ao mesmo tempo, real e imaginário, o poeta reencontra uma face e uma voz esquecidas e, como numa revelação, descobre que a foz desse rio é ponto de partida para um longo percurso. Feito um rio corrente, os poemas tomam as páginas numa profusão de afluentes sonoros e, numa metáfora da vida, abordam do visível da superfície ao fundo de águas profundas, por vezes, subterrâneas. Vai de um simples recorte do tempo, através da memória, aos nossos mais recorrentes dilemas. Mas este rio também é condutor do leitor pelas múltiplas formas que pode navegar os poemas. Quer partindo da foz, seguindo até onde ele desemboca; ou por desvios e atalhos, aos saltos, onde cada poema é rio afluente. A Água Volta Como Memória é um lugar para onde o leitor sempre pode voltar, quando tiver sede de poesia.