Em "A água de Janos", o tenente Remígio Soares encontra-se às vésperas de rever sua amada Andréa, quando recorre a uma fórmula medicinal recomendada para fortalecer seus nervos. O resultado, no entanto, é desastroso: o remédio o coloca em situação humilhante e arruína sua única chance de felicidade. Azevedo explora aqui os efeitos do ridículo social e da impotência diante do imprevisto, usando o humor como crítica sutil ao orgulho masculino.
No conto "A Marcelina", o renomado Dr. Pires de Aguiar, conhecido por sua vaidade e conquistas amorosas, cruza o caminho de uma senhora humilde e discreta que desperta sentimentos contraditórios. O que ele não percebe é que está diante da mulher que, no passado, dominou seu coração. Neste embate entre aparência, memória e esquecimento, o autor evidencia os efeitos do tempo sobre as relações humanas.
Já em "O viúvo", acompanhamos a história de Tertuliano, um homem marcado por perdas repetidas. Cada nova tentativa de casamento resulta em viuvez precoce, lançando-o num ciclo de tristeza e resignação. Com toques de humor melancólico, Azevedo constrói uma narrativa sobre o destino e o peso da solidão involuntária.
Com humor refinado e sensibilidade crítica, Artur Azevedo transforma situações cotidianas em retratos vívidos das fragilidades humanas. Nestes três contos, explora os desencontros do amor, os caprichos do destino e a vaidade como obstáculo à felicidade. Histórias curtas, mas marcantes, que revelam como o trágico e o cômico convivem nas emoções mais íntimas e como suas verdades ainda ressoam nos leitores de hoje.