Uma das obras mais importantes da literatura mundial, 1984 foi publicada em 1949, num momento onde a Europa destruída pela Segunda Guerra Mundial enfrentava o desespero da reconstrução e o surgimento de duas novas potências mundiais, os EUA e a Rússia, que representavam o que Orwell começou a chamar de Guerra Fria. Num texto impactante, descrevendo uma sociedade distópica cinzenta dominada por um grupo de privilegiados que não permitiam a liberdade de expressão, e cujo representante maior nunca visto pessoalmente era o "Big Brother", o insignificante Winston Smith repete diariamente seu trabalho enfadonho, sendo observado por câmeras e gravadores até dentro da própria casa. Oficialmente viúvo por sua mulher ter desaparecido sem vestígios, provavelmente eliminada pelos governantes, Winston desconfia de todos, mas ao mesmo tempo procura pessoas que possam pensar como ele o estritamente proibido crime de não acreditar no governo, o que poderia causar a prisão. Apaixonando-se por uma mulher que ele julgava ser do partido, começa a se arriscar, acarretando riscos que podem custar sua vida e a da companheira, que poderiam simplesmente ser eliminados e apagados da história oficial, que era reescrita de acordo com o interesse do partido, fazendo com que os dissidentes simplesmente deixassem de existir. Numa narrativa de tensão crescente a cada capítulo, o livro não apenas é uma obra fundamental para entender o que estamos presenciando com a evolução da tecnologia e com as distorções sociais cada vez mais acentuadas.

George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, nasceu na Índia em 1903 e faleceu, vítima de tuberculose, na Inglaterra em 1950. Vindo de uma tradicional família britânica, foi, como jornalista e escritor, um grande crítico da sociedade inglesa. Publicou poucos romances, mas mesmo tendo morrido prematuramente, é um dos poucos autores que possui duas obras fundamentais entre as mais importantes do século XX, "Fazenda de Animais" e "1984", que denunciam o totalitarismo e a injustiça dos governos do mundo.