Viagem à Calábria conta a história de um personagem em busca de suas origens. Na verdade, mais do que isso, a ida até a Itália e o reencontro com o irmão representam a resposta que enfim pode lhe trazer paz: por que, logo após o golpe de 64, seu irmão, Zuiudo, teria revelado à polícia o local em que ele e o pai se escondiam?
Os irmãos passeiam pela região da Calábria em meio a diversas lembranças. As cenas de sua infância em Uberlândia voltam à cabeça como flashes. Em instantes, o protagonista se transporta para sua meninice no cerrado, onde, aos 11 anos, via as dificuldades e a tristeza do pai – caixeiro-viajante que ensaia Antígona com a trupe de teatro que criara com seus oito filhos – por não ter dinheiro para retornar à Itália, sua terra natal. Relembra também os passos da revolta do povo, cansado das ameaças contra a greve e das mentiras que envolviam a morte de Nego Juvêncio. Mergulha com o Zuiudo nas recordações, tentando descobrir o que realmente aconteceu no passado: a crítica em público do pai à ação policial, a emboscada que provocou a fuga para Brasília e o dia de sua captura.
Em linguagem direta e comovente, Viagem à Calábria nos fala das mudanças que vieram com a construção de Brasília, a nova capital, e dos novos rumos do cerrado. E fala também das mudanças emocionais desse protagonista, da raiva, que, transformada em arrependimento, o torna capaz de restabelecer sua relação com o irmão, e dar sentido à sua história.