“Eu não queria me apaixonar. Ter alguém na mente e no coração era sinônimo de tempo perdido, vida desperdiçada, despedaçada. Mas estava acontecendo. O pouco controle que eu tinha todas as vezes em que pensava nele, era somente por tudo que aprendi com os que vieram antes dele. O passado me ajudou. Ainda que tenha sido uma tempestade de areia, quando passou, se transformou em algo sólido, como o chão que eu pisava. Lanno não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas percebia que eu o olhava diferente. Às vezes agradeço por ele não me corresponder e eu ficar sonhando como seria nossa vida juntos. Outras vezes, sofro. Por não tê-lo, por estar ligado a uma nova paixão e ainda preso aos fantasmas do passado. Talvez eu goste dessa tortura. Mas sei que em algum momento ela irá acabar. E isso é ainda pior”. *** Arco poderia ficar e permanecer na escuridão dos seus dias atormentados pelos problemas do passado, mas ele decidiu sair correndo como se nunca mais fosse voltar. Pensou que assim, aquele turbilhão de sentimentos vinculados aos seus traumas e frustrações fossem ficar ali, imóveis, no lugar onde ele os deixou. Ele estava errado. Não é possível deixar para trás aquilo que habita dentro do coração. Sua vida mudou depois que resolveu morar por um tempo em Roma, dias artificiais com felicidades perecíveis o ajudaram a acreditar que estar bem é respirar outros ares. Lanno entra na sua vida fazendo com que seu coração esqueça as feridas, Clara é uma peça fundamental para seus contos de amores frustrados e Daniel é a chave para o seu retorno à realidade. Era hora de acreditar em si mesmo. Enfrentar a família, desvendar uma mentira e assumir que aquela tempestade era causada por ele mesmo. Às vezes o fio que nos une é o mesmo que nos amarra, impedindo de seguir na direção que queremos trilhar.