Esta tetralogia reúne quatro livros publicados individualmente: Sabedoria do nunca (1999), Ignorância do sempre (2000), Certeza do agora (2002) e Instabilidade perpétua (2009).
"Entrelaçando poesia, ficção, psicanálise e filosofia, os livros aqui reunidos atestam a pujança da escrita de Juliano Garcia Pessanha. Trata-se de uma escrita visceral em que a forma de expressão se articula profundamente com a experiência do corpo, do mundo, da história, da morte, da subjetividade, da linguagem, testemunhando um sentimento de estranheza e o desejo de uma intensidade desconcertante.
A estranheza vem da afirmação de uma experiência abissal contra as tentativas de normalização e de identificação que nos são impostas. Assim, a figura que emerge da escrita é marcada pela catástrofe, pelo desastre, pela dor, pelo cansaço, pelo sentimento de ser uma sombra, sem nome, agonizante, desabitado de tudo.
Mas, na expressão desse dilaceramento, desse desmoronamento, a intensidade de uma linguagem amorosa traz a possibilidade de aliança, de união, ou melhor, e paradoxalmente, de uma proximidade que não venha abolir a distância. Assim, o desejo que transparece nesse saber paradoxal é de que o homem possa viver a experiência da alteridade e do encontro por meio da palavra vigorosa, vulcânica, capaz de dizer o indizível, pensar o impensado e instaurar nova relação com o tempo e com o mundo.
Fui conquistado pela dimensão trágica desses textos marcados pela exigência de abandono do eu e da racionalidade. Mas também pela reflexão que há neles sobre as palavras. Pelo desejo de depurá-las, festejar seu enigma, exibir o embate com o outro que lhe resiste. Uma das maravilhas da escrita de Juliano é que, através dela, ele enfrenta o monstro e mesmo assim às vezes se vislumbra um sorriso delicado."
ROBERTO MACHADO