O cuidado com a saúde e as relações de gênero que se organizam a partir do domínio de saberes relacionados às práticas de saúde envolvendo o uso de plantas medicinais utilizadas pela comunidade alemã residente em Vila Itoupava (SC.) tem sido pertinente no contexto do desenvolvimento regional. A urgência em se realizar tal estudo vincula-se ao risco potencial da perda de registros importantes em virtude da idade avançada das moradoras mais idosas, uma vez que as mulheres são as guardiãs destes saberes tradicionais. A saúde dos agricultores esteve inicialmente voltada para suas práticas de saúde tradicionais trazidas pelos imigrantes e adaptadas à região. Com o processo de industrialização, que iniciou por volta da década de 1960 e se intensificar na década de 1980, as agricultoras que detinham esses conhecimentos e eram responsáveis pelo cuidado com a saúde da família passaram a trabalhar nas indústrias nascentes e com isso se transformaram em colonas-operárias, ou seja, somente passaram a trabalhar na lavoura um período do dia. Este movimento, bem como o processo de mecanização da agricultura e a entrada da energia elétrica em 1970, irá trazer novas configurações na região e no caráter atribuído aos cuidados com a saúde.