Tempo de retomada, da poeta e pesquisadora Makuxi Trudruá Dorrico, combina poesia, prosa, documentos históricos e manifesto político. É uma proposta de "retomada" – gesto que resgata territórios físicos, culturais e afetivos negados ao longo de séculos de colonização. A obra confronta os pilares da colonização – o apagamento de nomes, a imposição da língua portuguesa, o racismo estrutural, a ideia da "terra vazia" – ao mesmo tempo que celebra os modos de vida e os saberes ancestrais dos povos originários.
Com linguagem poética e crítica afiada, Trudruá Dorrico constrói uma contra-história ancorada na experiência indígena, resgatando a memória das avós, a espiritualidade Makuxi, os encantados e o amor como forma de cura. A retomada proposta pela autora é estética, política e afetiva – e atravessa cada página do livro com delicadeza e contundência.
O texto de abertura avisa:
"As cenas se repetem
mas só até a hora
que os poemas
fizerem a retomada."
E é isto o que o livro propõe: um deslocamento radical da linguagem e da narrativa para reescrever o mundo a partir dos corpos e territórios historicamente silenciados.
O volume conta com ilustração de capa assinada pela artista Tamikuã Txihi e textos introdutórios de Sony Ferseck (Wei Paasi) e Carola Saavedra.