Bandelê não era negro, não era branco, mas mulato despatriado. Sem ser brasileiro, sem ser africano, o menino predestinado a ser rei em terra de mazombo nascera entre grilhões no alçapão de um navio negreiro recém-ancorado em costas brasileiras. Para o homem branco, Bandelê era só mais um escravo. Para os negros, Bandelê era só mais um bastardo. Para os orixás, o menino-obá era um predestinado. A verdade é que a história de Bandelê é a escravidão, e mais do que vencer a batalha contra as correntes de ferro do Novo Mundo, o jovem mulato descobriria que dos grilhões que lhe impediam a liberdade, a batalha mais difícil estava em partir os ferros que lhe tolhiam a alma.