O escritor e poeta Gustavo Nobre de Jesus, um médico habituado aos longos plantões no hospital da cidade de Lisboa, nos seus 14 poemas nos fala sobre aquilo que o assombra nas noites mais frias, sobre ‘estar só / estar indelevelmente só’, já que há sempre algo de dramático em escrever poemas. As noites são cativas, as solidões são desperdiçadas entre os barulhos da cidade, televisões, leituras e crianças que correm no andar de cima. ‘Nós éramos um filme, Hollywood era Lisboa, eu sentia-me Bogart e junto aos lábios fiz o que pude’. Assim são os poemas - crus e de uma realidade arrebatadora - de Gustavo Nobre, um homem, um médico, que se depara com a crueza da vida nos corredores assépticos de um hospital e, paradoxalmente, é arrebatado nas páginas daquilo que escreve, com a assepsia do contato humano, sempre mediado por livros, telas, links do Youtube e aplicações de iPad.