João saiu de casa ainda adolescente. Fugiu sem se despedir e sem muita coisa na mochila. Deixou para trás suas poucas lembranças, mas levou as marcas do passado e dos golpes que ainda doíam. Partiu sem rumo ou direção. Seguiu por ruas e estradas desconhecidas, até que seu corpo ficou exausto e teve que parar. Ali dormiu olhando as estrelas em cama de concreto e cobertor de papelão.
Acordou outro alguém; morador de rua, sem história, marginal. Tornou-se invisível. Passou a estender a mão e pedir moedas, mas recebeu em troca chicletes mastigados e olhares de desprezo. Porém, entre rostos desconhecidos e olhares vazios, ele também encontrou a bondade e abrigo daqueles que nada tem.