Para derrotar os troianos foi preciso enfrentar dez anos ininterruptos de guerra e de sangue, de amores furiosos e de ódios implacáveis. Agora Odisseu pode finalmente retomar viagem com seus homens para regressar a Ítaca, onde é esperado pela fiel mulher e pelo filho que, quando da sua partida, ainda era criança: a merecida, sólida e grande recompensa, após tantos sofrimentos, o prêmio tão desejado quanto o tálamo entalhado no tronco de oliveira.
Mas o nóstos, o regresso, é mais uma aventura. Odisseu tem de levar adiante o seu desafio, continuar a sua luta contra os homens e as forças obscuras da natureza, contra a volúvel e imperscrutável vontade dos deuses. É inútil dispor os ânimos à felicidade da volta: o herói e os seus companheiros terão de enfrentar façanhas pavorosas, provas sobre-humanas, inimigos extremamente insidiosos, tais como o ciclope Polifemo e os comedores de lótus, a feiticeira que transforma os homens em porcos, os monstros do Estreito, as Sereias de canto maravilhoso e assassino... O multiforme Odisseu, o corajoso Ulisses, o astucioso Ninguém terá de alcançar os confins do mundo e até evocar os mortos do Ínfero, experimentando as penas mais incuráveis na presença de quem já vive no mundo das sombras, e ainda acabar numa ilha misteriosa onde uma deusa irá recebê-lo e segurá-lo por vários anos num abraço extremamente suave e perigoso...
Então, finalmente, com o coração cheio de pesar pelos companheiros perdidos ao longo da travessia, a viagem chega ao fim: o dia da almejada felicidade, o dia da vingança.
Depois de contar o nascimento e a formação do herói e a guerra sob as altas muralhas de Troia, Valerio Massimo Manfredi evoca com voz nova e poderosa a viagem mais extraordinária de todos os tempos: a que está na origem de toda narração desde a Antiguidade até hoje, a última viagem de Odisseu.