O livro não poderia chegar em melhor hora. Os dias andam confusos. O sistema político, como o conhecemos, entrou em falência. Trouxe à luz um Estado aparelhado por gangues doutrinárias e imorais. Como perceberá o leitor, o diagnóstico severo vem escoltado pela esperança, que sabe não ser ingênua: o autor deixa claro que temos, sim, como país, de fazer escolhas. E essas escolhas é que vão determinar o que vamos fazer do que fizeram de nós. O poder não funciona mais através da enunciação dos objetos de nosso desejo: ele funciona através da gestão da nossa falta; é uma máquina de inscrição social do desencanto. A imagem do "inimigo oculto" proposta por Thales Rosário merece destaque pois apresenta uma excelente sínteses sobre a paranoia sistêmica pela qual só entenderemos o Brasil se compreendermos o tipo de violência que funda seu Estado.