O indomável traz à tona um João Carlos Martins acima de tudo humano, com triunfos e glórias, mas também sombras e falhas, compondo uma obra que, como as interpretações do pianista e maestro, ficará para a eternidade.
João Carlos Martins é considerado um dos maiores pianistas intérpretes de Johann Sebastian Bach, com quem divide, além do primeiro nome, um amor profundo, inquestionável e autêntico pela música. Nesta biografia, o jornalista Jamil Chade expõe suas facetas mais públicas e seus segredos: pianista prodígio, músico silenciado pelo próprio corpo, personagem com erros e acertos, reinvenção ambulante, maestro indomável.
Da infância debruçada sobre o piano, sob o olhar atento do pai obcecado pelo sucesso do filho e disposto a recorrer a métodos questionáveis para isso, a juventude como uma promessa realizada de talento e fama e a consagração interrompida em seu auge pela gradual atrofia nas mãos, João reinventou o conceito de sobrevivência a cada silêncio forçado a suportar. Mesmo quando esteve afastado dos palcos, como no curto período em que foi empresário esportivo e durante sua passagem breve e polêmica pela política, a esperança de que a música retornasse para ele o impediu de ficar à deriva.
Muitas sessões de fisioterapia o levaram de volta aos palcos, mas o agravamento de lesões neurológicas, acidentes e um episódio de violência forçaram a interrupção na carreira de pianista, dessa vez de forma definitiva. Mas suas mãos indomáveis não deixaram de ousar trazer Bach à vida, agora como maestro. Muito mais que um exemplo de superação e perseverança, no entanto, o que se destaca em sua trajetória é o talento e a profunda dedicação à música como ferramenta transformadora de vidas.
"Este poderia ser um livro de ficção criado a partir da imaginação de um escritor como Gabriel García Márquez, mas é uma biografia com a precisão jornalística de Jamil Chade. Com os acertos e os erros do biografado, suas qualidades e defeitos. A vida do maestro João Carlos Martins é inimaginável. Vem sendo vivida, até porque seria impossível de ser inventada. Só mesmo um jornalista como Jamil, habituado com o que existe de mais glamoroso e mais dramático no planeta, poderia contá-la. Nesses seus primeiros 80 anos de vida, João Carlos Martins foi de menino prodígio a adulto prodigioso. Foi do clássico ao popular, de Bach a Bethânia. Se manteve sempre allegro e andante, mas nada moderato. Tocou a vida muito bem, e algumas vezes, desafinou o coro dos contentes. Essa biografia só tem um defeito. Breve estará desatualizada porque certamente o maestro já terá arranjado mais uma das suas. Esse maestro não tem conserto." – Washington Olivetto