Tudo começa com um convite para a inauguração de um pequeno antiquário. Fernando teria jogado o convite fora se não fosse pelo intrigante nome do lugar: Criado-Mudo. A dona do estabelecimento, ele reconhece, é Andrea, atriz principal do único filme que dirigiu. Os dois saem para tomar um café. Casualmente, Fernando pergunta de onde surgiu tão curioso nome.
A pergunta é inocente. A resposta é simples: uma referência ao velho criado-mudo, um dos muitos móveis que herdou de sua tia-avó junto com uma fazenda repleta de antigas lembranças. Guilhermina era seu nome.
Conversa vai, conversa vem, no entanto, Guilhermina vai se revelando como muito mais do que uma falecida tia-avó rica. Uma jovem viúva, moldou sua vida de viagens, romances e aventuras em um único acontecimento: a morte de seu primeiro marido. Morte de fome e de sede, trancado na adega de sua mansão. Morte causada por ela.
O CRIADO-MUDO é uma deliciosa investigação sobre a arte de contar histórias. Guilhermina se revela aos poucos, em uma colcha de retalhos literária construída pelo relato de Andrea, com carinho de sobrinha-neta, e as investigações de Fernando, em uma sede insaciável de solucionar o mistério daquela mulher fascinante, aventureira, romântica e assassina. Quem era Guilhermina, afinal? O que ela queria?
Romance de estréia de Edgard Telles Ribeiro, O CRIADO-MUDO, foi originalmente concebido como um filme para Eduardo Escorel. Apesar de ter se desenvolvido para um romance, ainda mantém características cinematográficas. O livro teve sua primeira edição em 1991 e é agora relançado pela Editora Record.