Segundo livro da Trilogia da Escuridão, O Anjo de Pedra - narrativa de caráter dramático-, revela a que nível de reclusão e degradação física e psicológica pode chegar um indivíduo, vitima de sua impotência em interagir com seus próprios anseios e com os paradigmas que permeiam a sociedade. Recluso, ele não só renega todos os parâmetros sociais como atenta violentamente contra si mesmo, mergulhando numa turbulenta escuridão interna criada exatamente para esse fim, representada literalmente pelo ambiente permanentemente escuro do apartamento que habita. Assim, tal qual um inseto que ocupa recônditos obscuros entre os objetos desse ambiente, ele transita entre reflexões pertinentes à realidade da qual se exilara voluntariamente e os tormentos psicológicos que impinge a si mesmo. Até o dia em que uma mulher misteriosa rompe as barreiras dessa reclusão, imiscuindo-se, de forma avassaladora, no interior desse ser atormentado, afugentando os seus pesadelos. Todavia, essa interferência será gradativa e de caráter agridoce. Nesse processo, ele retoma a consciência de seus limites, compreendendo e aceitando-os como condição essencial na sistematização de suas ideias e desenvolvimento de sua natureza psíquica, empreendendo um embate contra o cárcere que o reprime. Individualidade e coletividade, dogmas religiosos e razão, luz e sombra, homem e mulher, confrontam-se nessa peleja no intuito de harmonizar essas relações intrínsecas objetivando uma libertação plena dos jugos a que se impôs voluntáriamente.