O livro "Nossa Primavera Começa em Agosto" traz o registro histórico da luta social encampada por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), iniciada em 1992 e que resultou na conquista do Assentamento 14 de Agosto no ano de 2009. Muitas lutas foram travadas nesse período e, ao final, com a resistência e a utopia, foi possível garantir a vitória das famílias que buscaram uma terra para viver e produzir sua subsistência. As experiências agroecológicas e a vivência comum do "Grupo Coletivo 14 de Agosto", assim como o processo de construção coletiva da terra e do trabalho, são apresentados aqui como uma potente estratégia de permanência no campo, pautados pela produção de alimentos saudáveis e diversificados, em oposição aos desertos do agronegócio. Por sua vez, a pesquisa considerou também os limites e os desafios para que as tecnologias agroecológicas sejam acessíveis e viáveis aos camponeses, tendo em vista o histórico de ocupação recente de Rondônia, pautado em políticas oficiais de colonização direcionadas pelo Estado e pela crescente ênfase política e econômica do agro e hidronegócio nesta localidade. O texto adquire sentido político ao destacar uma experiência alternativa que foi gestada no interior da Amazônia por outrora migrantes indesejáveis, afirmando outras possibilidades de territorialização e cuidado com a floresta, diferente da terra arrasada das grandes propriedades.