Mil novecentos e oitenta e quatro (Nineteen Eighty Four, 1949), também conhecido como 1984, é uma ficção social-científica distópica escrita pelo inglês George Orwell. Sua primeira edição foi publicada em junho de 1949. Foi seu último livro em vida, escrito após a morte de sua esposa, que lhe deixou um filho bebê. Orwell centrou a narrativa em uma crítica inflamada e pessimista sobre o totalitarismo nazista, stalinista mas, também — coisa pouco abordada pela crítica —, ao excepcionalismo estadunidense e ao colonialismo britânico. Muitas de suas previsões acabaram se concretizando após a data de 1984, quando Ronald Reagan e Margareth Thatcher implementaram a cultura da guerra como força econômica e a vigilância civil como controle social. De certa maneira, também previu a massificação do individualismo — que o capitalismo neoliberal prega sob o manto da "liberdade" — e a consequente infantilização da linguagem, o "newspeak" ou a "novilíngua" — o que pode ser acompanhado corriqueiramente após o engajamento global à Internet e às redes sociais. Mais recente ainda é a presença de Mil novecentos e oitenta e quatro no fenômeno atual da polarização política e nas fake news, uma vez que o trabalho diário do protagonista Winston Smith é exatamente criar notícias falsas e distorcer a verdade em benefício da classe dominante, alterando a memória dos cidadão e mantendo a classe trabalhadora na ignorância e na amnésia geracional.