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Meu Mundo À Parte

Meu Mundo À Parte

Sinopse

Neste livro ficará evidente o aspecto biográfico em suas linhas, mas o intuito é mostrar a realidade de vida pela perspectiva de alguém com a Síndrome de Asperger (TEA CID11). Trazendo a narrativa dos fatos pelo olhar de quem os viveu e que sente tudo com a intensidade e o desgaste interior atípico causado pelos fatores inerentes ao espectro do autismo. Evidenciando também às vantagens intelectuais proporcionadas pela síndrome, sem deixar de mostrar aos que se encontram em uma situação similar, e todos que os cercam, o quanto podemos e somos capazes de superar os muitos entraves restritivos dos portadores do TEA. A leitura é de um pragmatismo acentuado, haja vista que a objetividade é algo bem característico no comportamento dentro do espectro. Tenho a pretensão de prosseguir com outros volumes seguindo a mesma linha, mas trazendo à luz cada vez mais riqueza de detalhes e novos fatos. Conto com o feedback dos leitores para melhoria deste texto, e nas próximas edições e publicações de temática similar. Nunca foi fácil, muito pelo contrário sempre é mais difícil para nós "Aspies", ter que viver em um mundo cujas relações interpessoais, são regidas por um formato voltado para pessoas neurotípicas. O que em alguns momentos nos faz sentir como se não fossemos deste planeta, ou nascemos em um tempo errado. Sentimos que somos diferentes, mas não sabemos o porquê nem o como. Acredito que apenas vemos o mundo, a vida e as relações por outra perspectiva. O que estou querendo dizer é que não temos problemas em conviver com o diferente, só não sabemos bem como fazer isso. Não temos a pretensão de nos opor às outras pessoas, nem mesmo facionar o mundo entre atípicos e neurotípicos ou mesmo ter um lugar de fala especial, diferenciado, nem reivindicar aceitação como se fossemos uma minoria desprezada com desejo de revanche. Muito pelo contrário, somos reais e estamos por toda parte, só queremos estar com vocês sem a exigência de ter que nos passar pelo que não somos para sermos aceitos. Temos empatia pelas outras pessoas, mas nem sempre sabemos demonstrar, temos sentimentos, mas não são fáceis de serem notados em nós. Gastamos muito tempo tentando nos adequar ao padrão neurotípico do bom convívio (Bom dia, boa tarde, boa noite, olá, oi tudo bem? Como tem passado?) Nada disso é muito natural para nós, entretanto mesmo que mecanicamente, aprendemos rápido e usamos estas expressões desajeitadamente, sem muita naturalidade, cumprimos as regras do convívio social dentro do possível. Em alguns momentos dê-nos um desconto, em especial quando não percebermos que estão falando conosco, ou quando em um ambiente cheio de pessoas ficarmos calados como se não houvesse mais ninguém à nossa volta além dos nossos próprios pensamentos. Queremos e fazemos questão de conviver com outras pessoas, só não sentimos falta quando não estamos no meio. Não sentimos muita necessidade de estar perto, saber que existem quase sempre é suficiente! Quando a vida nos proporciona encontros, não nos preocupamos com o quanto de pessoas ou de tempo passamos juntos, mas com a qualidade do tempo. Temos assuntos de interesses muito restritos que nos roubam quase que toda a nossa atenção e foco, mesmo quando estamos em meio às pessoas. Somos tão sinceros que falamos coisas intimamente verdadeiras, em lugares e momentos inoportunos para a maioria das pessoas, mas estamos dispostos a nos sujeitar ao juízo de valor que nos é imposto pela sociedade, só para manter nossa integridade e transparência, é mais confortável para nós, sermos bem verdadeiros, objetivos e realistas. Não criamos cenários fictícios com muita facilidade, as coisas ditas de forma indireta são complicadas demais para nós, é cansativo, o esforço que desprendemos tentando compreender o mundo e as pessoas à nossa volta.