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Meu Mundo À Parte

Meu Mundo À Parte

Sinopse

Este volume ainda é dedicado às experiências da minha tenra infância, cuja narrativa deixará evidente os momentos vividos que contribuíram na construção de quem sou e de quem estou me tornando. Lembrando que somos construídos pela soma de ações que cometemos e das circunstâncias a que somos submetidos. Apesar de um pouco mais alongada essa introdução é imprescindível para melhor compreensão do leitor acerca dessa obra. Procurei ser detalhista, mas não prolixo, não pule a introdução, pois é muito rica em informações elaboradas pelo autor e personagem autobiográfico, narrado, escrutinado e elucidado pela perspectiva da sua experiência de vida e estudos, que são em cada momento contextualizados neste volume. Fica evidente neste texto que sofri algumas influências no desenvolvimento das relações interpessoais por intermédio dos meus primos mesmo inconscientes do TEA que sempre esteve presente na minha vida. Convivíamos como iguais em meio às diferenças, que da minha parte era algo que eu sentia, mas que equivocadamente acreditava que todos também percebiam o mundo da mesma forma que eu. Literalmente sempre me senti um "estranho no ninho". Este convívio com meus primos principalmente na fazenda foram fatores determinantes para que eu me sentisse motivado a superar algumas dificuldades que sempre foram mais fortes do que eu, uma timidez muito desproporcional a toda e qualquer situação que envolvesse pessoas. Hoje estou me tornando um atípico que passa quase despercebido em meio aos típicos, exceto nos momentos em que as estereotipias se manifestam e me fazem parecer estranho. A sinceridade e a mudança repentina de um assunto em roda de amigos para assuntos do meu hiperfoco ainda causam estranheza nas pessoas. Outro fator que ainda me causa constrangimento é a prosopagnosia que tenho em grau médio, pois não reconheço bem os semblantes das pessoas, e às vezes deixo de cumprimentar um ou outro conhecido porque os mesmos passam despercebidos por mim. Às vezes me meto em conversas fora do meu contexto simplesmente porque ouço o diálogo alheio e tenho algum conhecimento de causa do assunto em questão, quando isso ocorre simplesmente me meto na conversa, exponho o que sei a respeito e saio bruscamente após explanar sobre o assunto em questão. Sei que isso soa estranho, porque várias pessoas já me disseram. Não faço por intromissão e nem é intencional, simplesmente a minha lógica é que se a conversa está ocorrendo dentro do meu campo audiovisual posso reagir ao assunto, caso o mesmo seja do meu interesse ou da minha área de conhecimento. Não entendo bem as regras de convívio social, as obedeço porque aprendo rápido, mas não são lógicas. Outro fator de grande contribuição para minha evolução no comportamento social foi o convívio com os cavalos, vacas, cachorros, galinhas, cabras e porcos da fazenda. Hoje se utilizam muito desses animais, principalmente cavalos, em terapias para crianças dentro do espectro autista. Mas naquele tempo sem diagnóstico e sem consciência destas terapias, posso dizer que sou um afortunado. Nesta época nos EUA Temple Grandin já despontava no cenário Asperger como uma autista que vinha superando as limitações do autismo por se sobressair como uma autista de alto funcionamento (Aspeger), devido à sua capacidade incomum de observar o comportamento do gado e criar equipamentos e métodos mais eficazes no trato com gado de corte e leite. Ao ver o filme acerca da biografia da Temple Grandin, observei que tanto algumas comorbidades quanto a percepção super aguçada para assuntos do hiperfoco; ela assim como eu temos a capacidade de observar o mundo por uma perspectiva impar, singular (observem que o vício literário me impede de dar um único adjetivo às pessoas, coisas, ou situações que têm uma ênfase a mais na minha percepção.