Uma história forte, mas que traz uma linda e revigorante mensagem de vitória e superação. Ilumine-se com o livro Memórias de um Preto Velho. Houve um tempo em que me chamei Rodolfo Almeida de Alcântara Vaz e Braga. Nessa época eu tive esposa, filhos e uma vida luxuriosa, regada a incontáveis noites na companhia das melhores mulheres e bebidas que o dinheiro podia comprar. Eu sempre fui apaixonado pelo mar, e foi através dele que cheguei ao Brasil, para nunca mais voltar à minha terra natal. Também já fui Luiz, o médico e Jesuíno, o padre. Mas minhas dívidas eram muitas e por isso eu também fui Bento, o escravo. Levado a ferros ao mercado, debaixo do chicote do feitor eu tive meu orgulho lapidado pela crueldade humana. Fui avaliado como um animal e vendido por uma saca e meia de açúcar e quinze rolos de fumo. Já na senzala da fazenda Cruzeiro do Sul, me tornei reprodutor. O tempo passou e eu já não sabia mais contar os anos de minha vida. Eram tantos os filhos que eu havia ajudado a conceber, que todos naquele lugar passaram a me chamar de pai.