Se você pegou este livro, é provável que não esteja procurando por um final feliz. Você está buscando, talvez, a confirmação de que a dor que carrega não é apenas sua, mas que ela tem nome, endereço e, o mais importante, voz. Não se engane: a dor que nos define raramente é espetacular. Ela não é o grande trauma cinematográfico. É a dor do cotidiano. É o luto pela vida que não vivemos (a mala que nunca foi feita). É a culpa persistente de um erro banal (a chamada que não atendemos). É a solidão que reside ao lado, na parede fina que nos separa do vizinho, mas nos afasta quilômetros. É a exaustão de manter um sorriso no rosto enquanto a alma se desfaz em planilhas (a máscara de gás social).