Uma região popularmente conhecida pela alcunha de "cone sul" de Mato Grosso/do Sul conheceu o seu ciclo madeireiro ao longo das décadas de 1970 e 1980, com pequenas variações entre as localidades abrangidas. A obra intenciona levantar as relações imbricadas entre o desmatamento promovido para estabelecimento da agropecuária e a presença intensa das empresas madeireiras, em meio à modernização conservadora promovida pelo regime de exceção inaugurado em 1964. Madeireiros, comumente conhecidos como aventureiros, passaram a atuar em parceria com os fazendeiros, estabelecendo contratos de compra do mato fechado ou por metros cúbicos. Ato contínuo, verificam-se algumas situações envolvendo parcerias entre a atividade pecuária e as madeireiras, as relações de trabalho nas serrarias, os mercados consumidores e os deslocamentos regionais para extração da madeira, já permeando a fronteira com a República do Paraguai. Por fim, após o esgotamento das espécies arbóreas de maior valor comercial, reflete-se sobre o avançar de tais indústrias extrativas sobre a Floresta Amazônica, procurando estabelecer conexões entre o modus operandi das serrarias sul-mato-grossenses com a sequência da atividade especialmente no norte de Mato Grosso. Defende-se que a atividade madeireira no cone sul funcionou como uma prévia para a dramática progressão dos desmatamentos sobre a Amazônia Legal, que hoje tanto aflige as populações tradicionais, ambientalistas, intelectuais e comunidade internacional.