O romeno Cioran revolve em História e utopia algumas ilusões fundamentais. Seus ensaios, escritos em outra conjuntura mundial (foram publicados em francês em 1960), ainda são extraordinariamente atuais em pontos essenciais: a comparação entre Europa Oriental e a grande Europa, a descrição dos mecanismos que ligam a utopia ao apocalipse, a análise do gigante russo.
Ao trazer à tona a necessidade de absoluto inerente ao homem, Cioran discute a noção de liberdade e sua fragilidade no Ocidente, traçando um retrato igualmente implacável da sede de poder.
Dono de estilo requintado e elíptico, Cioran discorre sobre os "mecanismos eternos da História", situa a utopia em sua origem religiosa e revela a aliança paradoxal entre a servidão e a liberdade. Utilizando os mitos como instrumentos de análise, História e utopia prova-se um livro que incita à reflexão sobre os temas grandiosos do Devir e da Liberdade.