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Florbela Espanca de A a Z

Florbela Espanca de A a Z

Sinopse

FLOBELA ESPANCA DE A a Z reúne mais de 250 poemas da autora. A autora ocupa um lugar próprio e de destaque nas literaturas de língua portuguesa. Ao enfrentar na vida e em seus versos os desafios colocados no caminho da mulher que luta por sua emancipação, a autora viu levantar-se contra si a ira do conservadorismo patriarcal, em face do qual não recuou um milímetro em suas convicções libertárias. Porém a autora o fez sem realizar concessões também aos modismos de época, apoiando-se na tradição literária em língua portuguesa, à qual se associou para universalizar seus pontos de vista, suas ideias literárias e seus sentimentos de poeta, de mulher e de cidadã em plena posse de seu destino e de seu corpo. Naturalmente, ser assim, tem seu custo, que, para ela, significou ver publicados em vida apenas seu Livro de Mágoas (1919) e "Livro de Sóror Saudade" (1923), com a exígua tiragem de 200 exemplares cada qual. Sua epopeia trágica em Portugal, semelha-se à de Augusto dos Anjos, que, completamente ignorado em vida, tornou-se, após a morte, um dos poetas mais lidos e cultuados no Brasil no século XX. No formato clássico do soneto, que praticou com abundância e virtuosismo, a autora encontrou o meio de expressão exato para registrar suas emoções particularíssimas, que no entanto teve pronta acolhida nos leitores da época e nos que se foram somando à sua obra ao longo das décadas subsequentes. Porém a autora também cultivou em sua seara de versos as formas populares das cantigas, dos madrigais e do fado, gênero tão português e tão ligado ao povo sofrido do campo. A um vocabulário preciso, quando assim o quis, Florbela Espanca articulou palavras, perífrases e frases cuja sonoridade e ritmo despertam sentimentos fortes e mesmo lancinantes. No primeiro poema, um soneto, que abre esta Antologia ele indaga: "Quem fez os homens e deu vida aos lobos?" O verso é claro, enxuto e exato, sem prolixidade de adjetivos ou advérbios; no entanto, homens e lobos na mesma frase interrogativa não deixa de implicar uma imagem em que amor, predação e crueldade estão cabalmente associados. A metáfora ganharia "status" de hipérbole, caso ignorássemos a condição da mulher no mundo atual e ainda mais no mundo em que a poeta viveu, de inícios do século XX.