Este livro tenta cumprir dois objetivos: o primeiro é o de facilitar a abordagem metodológica dos professores de filosofia, especialmente, aqueles que em início de carreira não conseguem, no dia a dia, mesmo diante de tantas bases teóricas, livrarem-se das abordagens clássicas dos manuais; e, o segundo, o de possibilitar aos alunos uma compreensão que envolva mais a prática, distanciando deles aquela sensação de que Filosofia é uma coisa chata, velha, e ultrapassada, na qual o professor fala e continua a falar dos contextos históricos dos pensadores. Com estas palavras, não nego a importância da História, da História da Filosofia, ou da Filosofia da História, pelo contrário, incentivo e acho fundamental cada uma delas, desde que sejam aplicadas de modo adequado e na hora certa. Que contribuam, mas não que suprimam o processo do filosofar, que, para mim, trata-se de se modificar no movimento e não apenas de se refletir sobre ele. Estou convicto de que qualquer que seja a história narrada dentro da Filosofia deva ser aplicada como pesquisa extraclasse e não como conteúdo fundamental, ocupando horas e horas da aula. Ensinando a filosofar com Bertrand Russell, trata, portanto, de um livro com textos deste referido pensador, conjuntamente com minhas observações de práticas e métodos de ensino aplicados à sala de aula. Os textos foram divididos nas três séries letivas do Ensino Médio (conforme o MEC). Esses mesmos textos, igualmente aos métodos também puderam ser aplicados à disciplina acadêmica de Introdução à Filosofia, comum e generalizante nos mais variados cursos e faculdades do Ensino Técnico e Superior. Não fiz distinção de aplicação dos textos e métodos de ensino para os professores do Médio, Técnico ou Superior, devida à crença de que o grau de entendimento do aluno depende do grau de instrução do professor, e não do certificado que o classifica como técnico ou superior. Firma-se ainda a esta justificativa, o entendimento de que, independente da regionalização escolar, na periferia ou nas metrópoles, o aluno deve ser tratado por igual, sob o olhar de que todos merecem a mesma oportunidade de "saciar" a sede de conhecimento. Negar uma abordagem crítica aos alunos da periferia, no mesmo nível das escolas particulares, é agir preconceituosamente, e todo o professor que assim age, acaba cometendo crime à educação. Não à-toa essa mentalidade elitista contribui para se criar massas escolares de líderes abastados, fazendo surgir ainda o grito dos excluídos nas cotas das universidades, quando esses, que um dia estiveram sobrepostos, abrem os olhos para a liberdade. No sentido de ensinar os professores a ensinar uma educação para todos, projetei os textos, no total de três blocos, ao modo de que os professores do Ensino Médio pudessem trabalhar dois em cada série, na 1ª e 2ª, e três na 3ª, sendo que um a cada semestre, e que os professores de Introdução à Filosofia pudessem trabalhar dois em cada avaliação, e três na última, totalizando, no caso do ensino técnico ou superior, três avaliações com todos os sete textos dentro da disciplina. Todos os conteúdos de Russell aqui apresentados foram tirados de suas obras: História da Filosofia Ocidental, arquivada no Domínio Público1, e de Os problemas da filosofia, traduzida pelo professor Jaimir Conte da Universidade Federal de Santa Catarina. Da primeira obra extrai um texto introdutório: A Filosofia Entre a Religião e a Ciência, que, é ao mesmo tempo filosófico e histórico, processo de escrita que Russell fazia muito bem.