Neste novo livro (dez)contos de uma (des)casada, Lêda Rezende acrescenta um ritmo intenso que vai do humor ao pragmatismo funcional nas situações que envolvem a personagem. São muitas as cores prismáticas que tonalizam uma separação conjugal. Das práticas às emocionais, o livro expõe a trajetória de suficiência e insuficiência que a personagem perpassa, passa e ultrapassa. Da angústia do Natal ao temor de um botijão de gás, vamos nos unindo à personagem como se estivéssemos dentro do apartamentinho que ela se muda. O tema é abordado em formato de crônicas (que fascina ainda mais pelo fato de ter uma sequência quebrada) semelhante ao percurso da vida onde a ficção e a realidade fazem nó mesmo que se tente diferenciá-las. E isso a autora nos demonstra a cada virada de página e a cada passo em frente dado pela personagem. O fio de ligação entre as crônicas gira em torno da sutileza da materialização e da reconstrução que envolve uma mulher quando uma separação surge de forma ampla. Um livro maravilhoso e ambíguo. Pode nos fazer rir e pode nos fazer chorar. Pode nos ensinar o temor e pode nos ensinar a coragem. Pode nos isolar e pode nos agrupar. Recomendo com entusiasmo. - Valéria Zandetti