Delírios de Isolamento, de Roberto Cardinalli, é, antes de tudo, divertido. Ambientando em Campinas, o livro, como bem descreveu Paulo San Martin, no prefácio, relata as apocalipses de fundo de quintal. São situações trágicas e surreais contatadas de forma minimalista e com doses de humor. São crônicas que têm como pano de fundo a pandemia e o reflexo na vida de personagens comuns da cidade, da vizinhança e de casais bem ou mal amados. São pessoas que perfeitamente poderiam ser nosso pai, mãe, marido, esposa, amigo, colega de trabalho ou o mais simples anônimo, no meio dessa multidão, perdido num mar de informações, nem sempre verdadeiras, entre a ciência e o negacionismo. Permeiam a loucura da narração as alucinações em torno do isolamento, do álcool, do medo, da morte, do desemprego, das lembranças do passado ou mesmo uma trivial e banal discussão de casal.