Com uma narrativa seca e dura, Degeneração é um romance sobre o atual momento do país, desde a ditudatura militar até seus reflexos na ascensão de Bolsonaro ao poder.
Fernando Bonassi, roteirista, dramaturgo e escritor, é uma das vozes contemporâneas mais importantes que temos. Seus textos — roteiros, peças, romances e contos — registram, sob o olhar privilegiado de quem conhece as mazelas da sociedade brasileira, os vários revezes pelos quais o Brasil passou. Degeneração, seu novo romance, narra a saga de um filho que precisa liberar o corpo do pai que acaba de morrer e está no necrotério de um hospital público de São Paulo, às vésperas da eleição que colocará Jair Bolsonaro e a extrema direita no poder.
A partir desse pano de fundo, o narrador-personagem se vê então diante de um confronto íntimo protagonizado pela figura do pai, o que o leva a fazer uma retrospectiva da história dos dois, de sua infância, remontando desde a um episódio traumático a que o pai o submeteu até a descoberta de que o mesmo, na ditadura, agiu como delator e assistente de torturadores, colaborando para um batalhão da PM.
Degeneração é o retrato dos subúrbios brasileiros, habitados por uma classe média baixa que luta, se defende e sobrevive com todas as armas que possui, flagelada pela violência e pela falta de perspectivas. É também uma leitura contundente sobre a história do Brasil, da ditadura ao momento atual, em que o país permitiu a ascensão de Bolsonaro, da extrema direita e das milícias ao poder.