O principal objetivo desta obra é resgatar as histórias das Copas do Mundo pela visão do torcedor, desde a remota infância à terceira idade. Período, pelo qual este contador de histórias ouviu, assistiu e torceu para nada menos do que dezesseis Copas do Mundo, de 1962 a 2022, inicialmente, pelo rádio à pilha, posteriormente, pela TV Preto & Branco e, finalmente, pela TV HD Digital. Como literato desta abordagem histórica, descrevo nas primeiras páginas a minha primeira impressão, em 1962, de um campeonato cognominado de Copa do Mundo. Nesse remoto período, só era possível através do rádio. Na época, com meus pais e irmãos, morávamos na Araripa, um bairro rural tomado pelas lavouras de café e de famílias italianas. Eu era um menino miúdo, tinha apenas sete anos e meio, nascido no verão de 1954, antevéspera de Natal, na zona rural de Marialva, num local nominado Fruteira. Nem se pode imaginar a correria. Os irmãos mais velhos contam que, não sabiam se acudiam a leitoa no tacho para os preparativos natalinos ou a mãe às portas fechadas no quarto, com a parteira, dando à luz ao novo rebento, o décimo primeiro da prole Batista. Em 1966, na pré-adolescência, veio a grande decepção, uma tragédia diante do fracasso, pois a esperança e o orgulho enchiam-me de confiança para o anunciado TRI campeonato. Desta feita, um tanto crescido, passei por essa frustração na Água Itajaí, no sítio da encruzilhada, local de emboscada, morte e traições próximo ao Distrito de Aquidaban. Muitas desavenças entre vizinhos eram resolvidas ali sob as sombras escuras das saias do grande cafezal. Entretanto, como não se alegrar com a conquista do TRI campeonato, em 1970. A felicidade enchia o peito dos brasileiros que assistiam pela primeira vez a um jogo pela televisão. Em plena ditadura militar, austeridades e opressão à liberdade, um filtro de felicidade pela seleção brasileira. Nessa Copa do Mundo, eu já morava no município de Jussara, região Noroeste do Paraná. Fruteira, Araripa, Água Itajaí, Distrito de Aquidaban e o município de Marialva, haviam ficado para trás, eram agora apenas lembranças da infância e pré-adolescência. Assim, sucessivamente, veio tantas outras copas onde a seleção brasileira fora vitoriosa e amada, em mais duas ocasiões, no Tetra e no Penta; doravante fracassada e hostilizada. Nas conquistas, ufanismos e celebrações. Nas derrotas, caça às bruxas para desvendar os culpados, e atribuir responsabilidade ao técnico e aos jogadores.