A obra visa discutir as atrocidades do colonialismo, sobretudo aquelas praticadas contra os indígenas, que ainda hoje carregam, em suas memórias, uma ferida de difícil cicatrização e resistem, ética, estética e culturalmente ao império cognitivo da homogeneização de suas cosmologias e cosmogonias. Essas questões se apresentam nesta obra já no título/tema: "Cenas da História, Rastros da Literatura – Testemunho do Genocídio Indígena em "O Sonho do Celta", de Mário Vargas Llosa". A obra traz questionamentos como: quais os impactos e as especificidades da exploração indígena dentro dos seringais pan/amazônicos no período áureo do ciclo da borracha? Para tanto, abordam-se assuntos como a exploração do índio no contexto pan/amazônico, o tempo das correrias indígenas, as conexões da ficção com a Antropologia e as atrocidades do colonialismo eurocêntrico. As cenas da história e os rastros da literatura configurados no universo romanesco do Sonho do Celta inscrevem modos, práticas, discursos e mobilidades que questionam a força da letra, olhar e imaginário etnocêntrico. Nesta interpelação da espessura das humanidades, linguagens e culturas da Amazônia e Congo, a memória, alteridade e epistemologia dos indígenas são figuradas na encruzilhada da História, Literatura e Antropologia, relendo e reescrevendo as feridas, os rastos e as cenas de corpos, vozes e saberes em trânsito por fronteiras móveis do pensamento.