"Até agora, e por razões particulares, nem a história ambiental nem a história do trabalho esteve muito propensa a ligar os pontos entre os trabalhadores e o ambiente mais amplo, entre a classe e o clima. O mesmo silêncio reina na pesquisa sobre energia durante a Revolução Industrial. De fato, as mudanças climáticas permanecem, em si mesmas, sobretudo como objeto das ciências naturais, apesar de um surto recente de interesse dentro das ciências sociais. Somos inundados por dados sobre efeitos catastróficos, mas há uma pobreza comparativa de ideias e análises relativas a suas causas e seus impulsionadores. Ou, para parafrasear Marx: a maior parte da ciência climática ainda habita essa atmosfera silenciosa, na qual tudo se passa à luz do dia, mas não adentra o terreno oculto da produção, onde os combustíveis fósseis são de fato produzidos e consumidos. Ao menos por ora, os cientistas naturais vêm interpretando o aquecimento global como um fenômeno que ocorre na natureza; a questão, no entanto, consiste em rastrear suas origens humanas. Somente assim preservaremos ao menos uma possibilidade hipotética de mudança de curso."