Honoré de Balzac é considerado o criador do realismo literário. Esteve mergulhado no palco em que brotaram as sementes do que viria a ser o conceito de sociedade formulado pela nova ciência Sociologia. Contribuiu, a seu modo, para a elaboração escrita das novas ideias organizadoras do caos social que emergira da Revolução Francesa, a qual ocorrera apenas dez anos antes do seu nascimento. Por ser escritor de ficção, Balzac não entrou na lista dos pensadores do social. No entanto, alguns dos mais importantes sociólogos eram aficionados da sua literatura, como Marx, que afirmava ter aprendido muito mais sobre a burguesia lendo Balzac do que em qualquer obra científica.
Partindo da premissa de que o realismo literário preparou o senso comum para a chegada das Ciências Sociais e da Sociologia, realizou-se uma análise da trajetória disposicional, conforme as teorias disposicionalistas de Pierre Bourdieu, Norbert Elias e à escala individual de Bernard Lahire, visando inicialmente a acrescentar dados subjetivos ao conhecimento do contexto do surgimento da Sociologia. No entanto, no decorrer da investigação, os dados acabaram lançando luz sobre uma dimensão insuspeitada do objeto: revelaram a importância de um tipo específico de disposição: a parapsíquica, também conhecida como paranormalidade, fazendo parte das disposições componentes da imaginação sociológica de Balzac.
O leitor encontrará aqui a síntese de reflexões sociológicas a partir de uma imersão em A Comédia Humana, em mais de 30 biografias de Balzac e na epistolografia do autor. Além disso, terá acesso a informações e pesquisas pertinentes ao tema, de especialistas em parapsiquismo científico.