Existe uma posição, na clínica e na Polis, que convém aos autores deste livro: a de desconstrução de toda forma de fascismo ou opressão, desde a política strictu sensu, até a do papel da mulher, do negro, de pessoas LGBTQIAPN+ e de toda e qualquer outra maioria minorizada enquanto alvo de práticas de opressão. Sem jamais desimplicar o sujeito de sua posição sintomática de gozo, há um lugar desde o qual, à clínica, convém incidir no mundo.
Há que se estar sintonizado com seu próprio tempo, como nos diz Lacan, e os escritos deste livro que o leitor tem nas mãos nos auxiliam imensamente a ajustar a sintonia fina e encarar aquilo que já está nos divãs e serviços, que penetrou nos espaços de cuidado (ainda que bem menos do que poderia) e nos convida a reinventar não apenas a clínica, tomando cada caso como se fosse o primeiro, mas a sociedade e a cada um de nós como operadores destas. Porque, a seguirmos na via do patriarcado, seremos todos esmagados.
Nympha Amaral, Psicanalista, A.M.E. do Laço Analítico Escola de Psicanálise