Certa feita, Mario Quintana se preparava para escrever um poema. Eis que uma formiguinha atravessa a página em branco. Naquela noite, nada ele escreveu. Para quê? Ali já haviam passado o mistério e o frêmito da vida. Esse flagrante minúsculo, sensível, minimalista e pujante da vida, quase um bonsai da árvore da existência, é repleto de sentidos somente para quem tem coração aberto e olhos livres para ver. Assim é a poetisa Claudete Morsch Pereira Soares e é por isso que ela capta os flagrantes de um cotidiano que não é dos seres humanos em projeção, mas das plantas, dos animais e dos elementos da natureza, como o sol, o ar, a água, o fogo e a terra. Esses movimentos que insistem em existir longe do senso comum são inteiramente preordenados em forma de poesia pela autora desta obra. Já se disse que uma imagem vale mais que mil palavras, mas o que seria dessas imagens efêmeras se não houvesse um vate para vertê-las em palavras? Esta obra é um retorno ao encanto da natureza, como se o homem primitivo de Rousseau desse seu último olhar para um paraíso perdido antes de se imiscuir na civilização. O leitor pode e deve fazer parte dessa reconciliação com um mundo simples que mantém latente aquilo que realmente importa para a felicidade cotidiana. - Landro Oviedo -
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