Lia é uma mulher de Lisboa, na casa dos trinta, que perambula pela cidade atrás de sonhos e idealizações, de escapes e amizades. Define-a uma coragem admirável que rasga a bolha da sua zona de conforto, numa busca incessante pelo tanto que ainda tem a viver. Talvez a leitura destas breves linhas criem imediata empatia nos possíveis futuros leitores da sua história, talvez fomente o desprezo de quem se considera acima de um perfil de personagem tão comum. Lia vem revelar uma história frequente, mas que é, ao mesmo tempo, apenas sua. Não é novidade até que se torna a nossa própria história. Em tempos de amores liquídos, a teia que se tece nas relações humanas traz-nos diferentes níveis de complexidade e desafios. Divorciada e com um filho pequeno, o leitor facilmente se deixará envolver na narrativa cronológica de uma mulher comum, fraca e ao mesmo tempo heroína. Um encontro que parecia leve e despretensioso, moderno e progressista, vem atrelado a questionamentos íntimos e profundos, de uma protagonista e narradora que nos conta, na primeira pessoa, em jeito de confissão informal, uma revolução interior, dolorosa e densa, que viveu ao longo de quatro anos e que termina num desabafo catártico e tão desesperadamente humano.