Iniciadas com o Estatuto da Criança e do Adolescente e ampliadas com a Lei de 12.010/09, as novas diretrizes e doutrinas que regem a proteção integral de crianças e de adolescentes afirmam que o acolhimento é medida provisória e excepcional, cujo intuito seria ou reintegrar as crianças e adolescentes à família de origem ou inseri-las em famílias substitutas. Porém, em certos casos, alguns adolescentes permanecem no abrigo.
Este estudo se volta para essa população. Quais são os afetos que se produzem em adolescentes com pouca perspectiva de serem reinseridos em suas famílias de origem ou mesmo adotados? Como eles se posicionam diante do que é avaliado sobre eles em diversos relatórios e laudos? Conseguem manter-se autônomos e potentes, ou tornam-se passivos e sujeitados?
Em face deste campo tensionado por linhas de intervenção técnica, legislações, práticas instauradas e, muitas vezes, naturalizadas no contexto jurídico e nas diversas instituições que participam da medida protetiva de acolhimento, quais são as perspectivas do psicólogo jurídico? Que desafios enfrenta neste trabalho emocionante e complexo?
Para compreender essas especificidades e a qualidade dos afetos despertados nesses jovens, Patrícia D'9Elboux Rodrigues ouviu adolescentes abrigados em unidades de acolhimento de São Paulo, utilizando como eixo teórico as noções de governamentalidade e da Pastoral Cristã, analisados por Foucault, e de potência de vida e de morte, de Espinoza.
Uma análise pensada para estudantes das áreas sociais, psicólogos judiciários, assistentes sociais, operadores do direito, profissionais voltados para o trabalho em rede e para as políticas públicas relacionadas ao campo da infância e juventude.